terça-feira, 9 de agosto de 2016

Textãozinho

Esse pessoal que foi para as Olimpíadas, confundindo "protestar com aparecer", não entendeu que ali não é lugar de protesto; que, nestes tempos, o único "lugar" de protesto é — o facebook!

É importante ter sua opinião, mais ou menos flexível, mais ou menos infundada, sobre tudo desde que ela não seja vista, não incomode, não sirva para nada.

Será que eles não conhecem o conceito de "textão"?

Já que lugar de prostesto é no facebook, não nos estádios, complete:

_o_a
_e_e_!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Nas Olimpíadas da Morte

Quem disse me amar, ainda que cônscio dos meus defeitos e falhas de caráter;

Sabendo que, nas Olimpíadas da Morte — quem chega primeiro ao Hades — eu sei de cór toda a W3 Norte;

E, ainda assim, se cala diante de mim,

Como poderia eu perdoá-lo?

Melhor seria odiar-me, me pareceria mais honesto. Talvez, assim, eu mesmo pudesse perdoar — a mim mesmo.

Apolo Para Todos, Dionísio Para Poucos

Isto é apenas um mosaico de pixels em uma tela de led: como mobiliza em mim tantos afetos represados?

Que é essa experiência da imagem perfeita, do supra-sumo da visão? Que é, senão, uma prisão?

A quem interessa Apolo para todos, Dionísio para poucos?

Dionísio: a transcendência da experiência objetiva, a profunda imanência do ser, o mergulho em si, o indizível, o sentir e o sentido das coisas?

"Tudo será como é e sempre foi" — Mas é preciso que seja assim?

Uma Dose de Veneno

Por que o álcool é a droga legal mais potente de todas, talvez até mesmo mais potente que as ilegais?

Porque é a única que desata o nó que amarra as lágrimas contidas pelo esforço civilizatório — Dionísio vem nos dizer: conhece-te a ti mesmo, desgraçado! — e, portanto, é a droga dos impotentes, dos falhados, dos equivocados de toda espécie. Somente a partir do vinho foi possível a civilização!

Somente o álcool nos permite, desavergonhadamente, chorar copiosamente. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Tudo Será Como É e Sempre Foi

Há uma página no facebook que a esta altura todos devem conhecer: a Filosofia Moderna. Há isca mais poderosa para a captura e mobilização dos afetos alegres do que o humor?! Zaratustra diria: "Aprendei a rir de vós mesmos, homens superiores!". E de um riso quase sempre e desde sempre nos salta uma verdade... As mulheres vividas bem sabem que estas pequenas verdades devem ter tapadas suas bocas, pois, gritam como uma criancinha. Aqui vemos uma jocosa conjectura acerca da origem do pensamento do "eterno retorno":




Nunca falei dela aqui, da minha senhora? Ah! Chamo-a de..: a minha trágica identificação com Nietzsche!

É publicamente notória sua frustração afetiva em relação às mulheres, todos os arroubos anti-feministas, para dizer o mínimo, do "Além do Bem e Do Mal" estão aí para atestá-la. E sabe-se que ele arrastou um bonde por uma intelectual feminista russa apelidada de Lou Salomé. Porém, como diz minha mãe, "coração é terra em que ninguém pisa", ela partiu com Paul Reé, amigo de ambos, deixando abandonado em algum lugar da Itália um Nietzsche de saúde claudicante. Esse ventre luminoso pariria Zaratustra logo em seguida, mas isso já é outra história...

A grande sacada da figura acima — onde habita o meu senso de humor... — é a resposta da senhorita à investida do Frederico: com uma frase digna de legenda de foto de um flogão-daquela-colega-piriguete-que-todo-mundo-pegou-em-2005, e que depois, desassistida pela mãe, pelos psicanalistas, pela igreja, pelo cristianismo, por fim até mesmo pela razão, apenas pôde encontrar consolo novamente naquilo que chamam de "feminismo radical"...

O outro lance de humor? Ah, o "instante imenso" que só quem já ardeu de paixão por uma feminista radical pôde experimentar — quem quer que não o tenha vivido não entendeu, não entende e nem poderá vir a entender nada de "eterno retorno"! Ora, foi isso, a vida? Muito bem, mais uma vez! E por mais incontáveis vezes! Que importa se malograstes? Ainda não aprendeu o riso de Zaratustra?

E por fim,

"Serão novos amigos da "verdade" esses filósofos vindouros? Muito provavelmente: pois até agora todos os filósofos amaram suas verdades. Mas com certeza não serão dogmáticos. Ofenderia seu orgulho, e também seu gosto, se a sua verdade fosse tida como verdade para todos: o que sempre foi, até hoje, desejo e sentido oculto de todas as aspirações dogmáticas. "Meu juízo é meu juízo: dificilmente um outro tem direito a ele" — poderia dizer um tal filósofo do futuro. É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos. "Bem" não é mais bem, quando aparece na boca do vizinho. E como poderia haver um "bem comum"? O termo se contradiz: o que pode ser comum sempre terá pouco valor. Em última instância, será como é e sempre foi: as grandes coisas para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e tremores para os sutis e, em resumo, as coisas raras para os raros."

[Nietzsche, ABM, 43.]