sábado, 6 de junho de 2015

Chegando Atrasado Ao Fim dos Anos 50

Tomo por admirável aquilo em que vejo uma genuína manifestação da coragem...
O que acho mais admirável em meu pai?
Ter tido filhos com minha mãe.
O que acho mais admirável em minha mãe?
Ter se separado de meu pai.

De vez em quando me flagro, num jogo psicológico autodestrutivo, nutrido de profundo autodesprezo, imaginando como teria sido o relacionamento dos dois, ambos disputando com muito equilíbrio de forças quem teria sido mais mau-caráter e manipulador; mais covarde e agressivo; mais medroso e compassivo... 
Enfim, a luta do século [passado]!

Todo esse asco me lembrou a seguinte passagem do "Humano, Demasiado Humano":
1. "Sobrevida dos pais. - As dissonâncias não resolvidas na relação entre o caráter e a atitude dos pais ressoam na natureza da criança e constituem a história íntima de seus sofrimentos."

2. "Vindo da mãe. - Todo indivíduo traz em si uma imagem de mulher que provém da mãe: é isso que o leva a respeitar as mulheres, a menosprezá-las ou a ser indiferente a elas em geral." [Ou a ter sentimentos dúbios para com relação a elas, acrescentaria.]

3. "Corrigindo a natureza. - Quando não se tem um bom pai, convém providenciar um."

4. "Pai e filho - Os pais têm muito o que fazer, para compensar o fato de terem filhos."

[1, 2, 3 e 4: Aforismos 379, 380, 381 e 382, "Humano, Demasiado Humano", Nietzsche]

Nenhum comentário: