domingo, 14 de junho de 2015

Fábula

Hoje tive uma epifania observando os patinhos e gansos na lagoa do Parque da Cidade: Eles são apenas elementos amenizadores da paisagem urbana lembrando algo da natureza; não possuem função produtiva; nem sequer nos servem de alimento - necessário retomar aquele aforismo do "Humano, Demasiado Humano": gostamos de estar na natureza porque ela não nos julga... 

Como úteis, apesar de dispensáveis, tratamos de nos divertir e divertir as nossas crianças com eles, lançando-lhes nossas pipocas, pães, quaisquer coisas que eles possam agarrar famintos. Rimo-nos com a falta de traquejo na sua luta por uma migalha! Eles se bicam, se enfrentam, batem asas entre si; os mais valentes dentre eles nos vêm grasnando de peito aberto,  se sentindo fortes e com direitos sobre os nossos lanches, enfim... 

Não pude evitar de ver neles praticamente todo o nosso espectro político de esquerda - vagueando como dispensáveis utilidades, brigando entre si - cada categoria corporativista roubando a migalha que escorreria do banquete das elites para a outra; cada "seita" pregando para os seus e condenando-se entre si - e inflando o peito, simulando uma liderança de todas as subclasses, esbravejando sua pequenez e impotência em um ou outro microfone no congresso nacional;  em grupelhos estudantis que se arvoram defensores de ideais - com isso quero deixar bem claro: ingênuos falseadores da realidade, no mínimo; gigantescos hipócritas, no máximo. 

Lembrei-me de toda a esquerda cristã; de todos os insuportavelmente ególatras militantes de facebook - ainda que cumpram funções na organização de algo de verdade, só o fazem pela possibilidade de fazerem propaganda de si mesmos, asquerosos!; de todas as pessoas que conheci no PSOL [com justiça, excluindo o camarada Flávio Pompeu, que tem estatura teórica para refletir sobre si mesmo e suas proposições políticas] - espantalhos da institucionalidade burguesa, coagem todos os corvos que anseiam por moer os grãos semeados pela ordem hegemônica, canalhas eleitoreiros!; todos os pobres coitados que se agarram ao anarquismo por, talvez, medo da solidão, instinto de rebanho - não o sabem, mas vivem às sombras de um deus morto! - estes ainda podem salvarem-se a si mesmos se superarem o receio de serem a minoria dentre a minoria: a "minoria" sou eu mesmo; sem falar daquela que é a pior espécie de escravo: a que defende o seu senhor! Aqueles gansos mansos que comem na minha mão: em tudo se assemelham aos defensores destes governos deste partido de merda, o lastimável PT - que em cada ato deixa evidente que defende os interesses da grande burguesia nacional e da finança internacional - e ainda falam em "minimizar a desigualdade", em "correlação de forças", toda a ladainha dos covardes e dos canalhas que estão no poder! Com estes me divirto muito mais, talvez por isso sejam os menos dispensáveis!

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