sábado, 14 de novembro de 2009

O Discurso e a Internet

Boa noite.

Uma sexta-feira enorme lá fora e eu aqui, pagando minha dívida para com este blog. Afinal, fiquei quase 3 meses sem postar.. Além de também estar produzindo para os trabalhos do fim do semestre, nada de muito impolgante, mas de praxe.

Quero falar um pouco sobre algo que esta relacionado com o conhecimento que eu estava produzindo há pouco: o discurso no espaço virtual.

Todos sabem, muitos falam (muito) na chamada "blogosfera" sobre a revolução da internet e a mesma pouco ganhou em crítica construtiva. Trabalhos sérios sobre a rede ainda estão pulverizados e com pouca atenção da "moda" do espaço acadêmico. Manuel Castells é o principal autor neste âmbito até o momento, porém, ainda que eu já tenha produzido um pequeno artigo de opinião sobre um texto dele, me falta verdadeira propriedade para citá-lo ou criticá-lo.

Vou estreitar mais meu objetivo: quero falar da predominância da estupidez no discurso no espaço virtual. Não a estupidez que os bem estudados julgam sê-la mas sim a violência e opressão no discurso destes mesmos.

Em primeiro lugar, todo mundo acha que sabe tudo o que precisa saber.
É claro.
A mídia em função do capital está a toda hora nos bombardeando com a ideia de que nós, homens e mulheres contemporâneos, acima das divergências pré-muro de Berlim, (acima da esquerda e da direita, do rock e do sertanejo/axé/pagode), somos dotados de técnicas e sabemos o que queremos e que, por isso, temos a necessidade do seu produto.
Quando se desconfia de tal discurso midiático tão pobre, as pessoas caem sobre si mesmas, ou seja, criam se os extremismos e os radicalismos que tão somente são variações de grau das diversidades de mercado.

Na internet, a estupidez se sente quase sempre presente. É a altivez daquele que não se reconhece no espaço cotidiano, tão aversivo (nos ônibus, carros, tons de cinza, pobres, na fome, nas escolas públicas de má qualidade) e que faz daquele espaço virtual o império de seus preceitos (e preconceitos).

Como disse o incrível Milton Santos antes de morrer:

“(...) as novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares. (...) aprofundando assim os processos de criação de desigualdades.” (2001, p. 38, 39).


Traduzindo o significado deste fragmento do "Por Uma Outra Globalização" para a realidade virtual, temos que os meios de comunicação, as técnicas da informação, de acesso tendenciosamente chamado de "equalitário" são apropriados por aqueles que, em função de uma posição privilegiada na sociedade, têm o tempo e as condições necessárias para sua maior apreciação e, em uma auto-defesa irracional, atacam nos seus discursos aqueles outros que são desiguais, que estão em outra posição em relação às pressões sociais, do capital e do Estado, por uma inércia histórica.

Minha palavras podem soar agressivas, denotando a existência de uma verdadeira guerra entre classes, porém, tais fatos ocorrem de maneira sutil dentro do espaço da rede. Ocorre num blog de humor nonsense, numa comunidade no orkut, no twitter, no youtube... Em que o conhecimento, ao invés de compartilhado e assim proporcionado o desenvolvimento de ao menos uma parte da humanidade, há a batalha e a crítica destrutiva, por vezes, há também a agressão moral.. No chan4chan há o verdadeiro ringue! Ali é o campo de batalha.

Me despeço sem muito nessa madrugada quente e úmida em Brasília.

Juliano Berquó.

Obs.: Caso haja alguém interessado em usar alguma coisa disso tudo aí em cima, por favor cite a fonte: Juliano Berquó Camelo -O Verso Lá no Verso

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

2 Anos de Blog

Putz... lá se vão 2 anos já...

Era novembro de 2007, tava acabando o meu primeiro semestre... e eu pouco me fudendo pro meu primeiro semestre! Tava muito mais interessado em curtir outras coisas da unb e da minha vida além do contraditório "universo" da universidade. Eu lia coisas na Biblioteca que não tinham nada a ver com o que eu deveria estar estudando; tava em casa, tava tocando guitarra ou violão ou ouvindo música...
Esse comportamento teve suas consequências. Porém, foi um momento de aprendizado, valeu a pena.
E me orgulho muito em ter passado por tudo isso e aprendi nesses dois anos que um blog não se sustenta com um poema por postagem!

Gosto de acreditar numa frase que diz: "na vida, a gente tem tempo pra fazer tudo que a gente quiser". Gostaria de poder participar de todos os (vários) protestos, de todas as campanhas que me inspiram, de todos os eventos que me atraem, de estar mais na companhia de meus amigos.

Tento escrever algumas coisas próximas de umas crônicas mas, ainda assim, a forma é muito parecida com a dos poemas.
Tento multiplicar meu tempo o suficiente para que eu possa me dedicar mais a este blog, um espaço que tanto me pacifica.
Também desde o começo das postagens demonstro a preocupação em falar o que eu penso mais do que apenas publicar meia dúzia de versos.
Porém, também respeito o espaço do silêncio.
Nem tudo precisa ser proferido, a todo tempo, em todo lugar.
Tudo a seu tempo e seu espaço.

Aos que por vezes passam por (mais) esta página da internet, desejo apenas boas vindas.
Aqui estou exposto.
"Nervo, músculo e osso",
cantariam os Titãs* no "Tudo ao mesmo tempo agora".

Me despeço com uma dica de leitura: Edgard Morin, na wikipedia, a enciclopédia livre.
Uma boa fonte para pesquisas de filosofia, teoria do conhecimento, pedagogia, análises sistémicas, geografia humana. Ou pela simples, visceral, inquieta necessidade do conhecimento,
que perturba minha madrugada.
Na consciência de que só quem está em posição relativamente tranquila em relação às pressões do capital e do Estado (entenda por opressor das liberdades individuais) pode se dar ao direito de tomar parte de sua noite de descanso em função de tamanha frescura.

Viva a revolução pela educação.


Juliano Berquó

*("Eu vezes Eu", Cantada por Sérgio Britto)